sexta-feira, 27 de maio de 2016

Sem o teu amor











Sem o teu amor
a idade tornou-se
pesada
incolor

sem o teu amor
a vida tornou-se
 um marasmo
torpor

sem o teu amor
diluíram-se 
as asas dos sonhos
em dissabor

sem o teu amor
colibri
também perdeu
cor

o sal
o sabor
a fé o fervor
meus lábios
teu frescor

sem o teu amor
sem o teu desejo
em clamor
sem a tua luz
sem o teu ardor

sem o teu amor
revestiu-se de
dentes afiados,
a dor

sem o teu amor
meu sol perdeu

teu calor




Davi Cartes Alves









João Guimarães Rosa, em "Grande Sertão: Veredas".






"Calados. Me alembro, ah. Os sapos. Sapo tirava saco de
 sua voz, vozes de osga, idosas. Eu olhava para a beira do
 rego. A ramagem toda do agrião – o senhor conhece – às 
horas dá de si uma luz, nessas escuridões: folha a folha, um 
fosforém – agrião acende de si, feito eletricidade. E eu tinha 
medo. Medo em alma."