sábado, 30 de outubro de 2010

Gérbera







Tu és flor graciosa
em haste sublime
melindrosa
azaléia,tulipa,acácia, gérbera
seu olhar de ternura
criva-lhe n'alma
vertiginosos espinhos de encanto
qual nívea rosa dengosa





                                                                             Fer Paola H
                     
                                              



  DAVI CARTES ALVES










quarta-feira, 27 de outubro de 2010

balbucios





 Gravetos húmidos na invernada
                                   balbuciando lareiras








domingo, 24 de outubro de 2010

REALEJO PARA SEDAR MAMUTES



A garrafa com xarope de groselha
ainda conserva a fragrância
dos seus dedos afilados
cor de alfajor

a pequena borboleta
dos teus sete anos
transformou-se
numa Drag Queen vegetariana
com cara de anchova fresca

enquanto ela masca
vagem de vírgulas crocantes
joga bets com os garotos
e não grita:
Betiombro! Betiombro!
Como dita as regras
do folguedo de rua

Pudera, soberana
ela pulveriza
todos os paradigmas
com detefon
ecologicamente correto
mel
e pétalas de calendula



by  DAVI CARTES ALVES



sábado, 23 de outubro de 2010

Afrodite


 



A ferida é mais profunda
no encontro de lagos quietos
gravetos úmidos na invernada
blefando dóceis lareiras
calmantes
a refrigerantes mornos

versos gritados por sirenes
enquanto ele morria
bem cedo num domingo de neon
e sabias afinadíssimos
vírgulas frescas e valentes
a letras ríspidas,
cariadas

disseca num fino vaso
enjeitado buquê de aforismos
noutro
minhas ninféias roxas
tem um choro balbuciante
no fel dissonante das horas

os deuses no olimpo
ensaiando a macarena
Afrodite no twitter
tem novos seguidores

tuitou
já pechinchar-me
num rústico brechó
de desejos




by  DAVI CARTES ALVES


quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O protesto das joaninhas






Em sinal de protesto
informou-me o bombado zangão
que as joaninhas do pomar
colocaram tiarinhas pretas
porque você disse que não virá
no próximo verão.



by  DAVI CARTES ALVES



quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Travessia



" Todo abismo é navegável
                         a barquinhos de papel "

                                                                              J. Guimarães Rosa


terça-feira, 19 de outubro de 2010

buquê de luas rubras




   buquê de luas rubras
teus beijos
   artífices de fogo doce
desejos


by  DAVI CARTES ALVES
 

SINTA O SORRISO DAS CRIANÇAS




No sorriso de Milena
sinto a pureza da alfazema
como se ela derramasse
de sua própria corola
do seu cálice floral
em alma vincada, ressequida
o doce perfume curativo
de uma tenra açucena

O sorriso de Milena
inibe de mim a tristeza
qual doloroso eczema
reprime de mim a melancolia
Ó excruciante edema!

O sorriso de Milena
é como a própria Mileninha
róseo floquinho de neve
intumescido de ternura
que pousa plácido, brando n’alma:
Pluft , Ploc!

Limpando do coração,
toda dor, todo o rancor,
toda amargura

É assim o sorrisinho de Milena
doce caricía n’alma
como um beijo suave, querido, fagueiro
de brisa que vem do mar em fim de tarde
gentil, tépida,
serena

banho melífluo para auto-estima ferida
bálsamo paliativo, instantaneamente ativo
de delicados e enternecidos lírio brancos
salpicados em  abraço pueril

matizando a alma
em assomos e assomos de regozijo
mergulhando-a,
em puro jubilo primaveril

hoje senti falta
do alvo e cândido
sorrisinho de Milena
gracioso colarzinho de aljôfar
ciranda efusiva
de alados floquinhos de neve
hoje não os vi, hoje não os senti

que pena!


by  DAVI CARTES ALVES









domingo, 17 de outubro de 2010

palavras




Só as palavras não foram castigadas
com a ordem natural das coisas.
As palavras continuam
         com seus deslimites.

                                               Manoel de Barros
 

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Curitiba ganha seu primeiro Biblioparque



Passar o domingo lendo no parque é um programa que o curitibano vai poder fazer, mesmo que não tenha trazido um livro de casa. O prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, e o presidente da Fundação Cultural de Curitiba (FCC), Paulino Viapiana, inauguram hoje, às 10h30, no Parque Barigüi, o primeiro Biblioparque da cidade, um posto móvel de empréstimo gratuito de livros que vai percorrer os parques da cidade aos domingos.

Um dos projetos que integra o programa Curitiba Lê, o Biblioparque é composto por um veículo movido a energia elétrica e uma estrutura adaptada para acomodar livros, periódicos, ombrelones, cadeiras para adultos e crianças, pufs e mesas desmontáveis. O projeto irá funcionar todos os domingos, das 10h às 18h.

Esta primeira unidade foi patrocinada pela Vivo, que também será a responsável pelo gerenciamento da operação até abril de 2011, em parceria com a FCC. A programação inclui sessões de contação de histórias, distribuição de marcadores de livros, além de pintura em livros de quadrinhos.

A empresa também disponibilizará uma tela interativa que dá acesso à sinopse dos livros que podem ser emprestados e dois notebooks para navegação na internet. Junto ao Biblioparque, o público encontrará ainda um local para descarte de aparelhos celulares e baterias velhas.

O projeto começa a funcionar já neste domingo, dia 17. Na abertura, o público terá à disposição 300 títulos, com um total de 900 volumes. Nos próximos meses, o acervo atingirá 1.350 títulos e quatro mil volumes que oferecem uma variada gama de autores, entre eles Machado de Assis, Guimarães Rosa, Gonçalo Tavares, Isabel Allende e Mario Vargas Llosa, que conquistou o Prêmio Nobel de Literatura 2010, entre muitos outros.

Além da leitura no parque, quem quiser poderá emprestar os livros por 21 dias. A devolução pode ser feita no próprio Biblioparque ou em qualquer das Casas da Leitura mantidas pela Fundação Cultural.

O primeiro parque a receber o novo equipamento é o Barigüi, mas o projeto vai percorrer também o Bosque do Papa, Parque Tingüi, Jardim Botânico, Parque Bacacheri e Parque São Lourenço.


Howard Jacobson ganha Booker Prize



"Estou sem palavras", comentou o escritor britânico Howard Jacobson, logo depois de ganhar, na noite de terça-feira, o Man Booker Prize, o mais prestigioso prêmio literário concedido na comunidade de língua inglesa. Ele venceu com o romance "The Finkler Question", batendo favoritos como o australiano duplamente vitorioso Peter Carey e o britânico Tom McCarthy, que liderava a bolsa de apostas. Apesar de iniciado por uma frase previsível, o discurso de Jacobson logo enveredou para terrenos mais férteis. "Felizmente, tenho um preparado. Foi escrito em 1983, ou seja, a espera foi muito grande."


Aos 68 anos, Jacobson já escreveu 15 romances, todos com um toque de humor e a maioria abordando temas judeus. "The Finkler Question", segundo ele, é uma comédia sobre tristeza e perdas. O livro acompanha a trajetória de Julian Treslove, um ex-produtor de rádio da cadeia pública britânica que muda de identidade depois de ser atacado a caminho de casa. "Minha intenção é fazer o leitor chorar e gargalhar ao mesmo tempo", disse, logo depois do anúncio de seu nome no Guild Hall, em Londres.


A conquista já produziu dividendos - tão logo a notícia se tornou pública, a editora Bloomsbury, que lançou o livro, anunciou que vai reimprimir outras 50 mil cópias de "The Finkler Question". Uma cifra respeitável, uma vez que, até então, a obra só vendera 8.300 exemplares. Não é a primeira vez que o Booker Prize provoca tal efeito: em 2008, a vitória do indiano Aravind Adiga catapultou seu "O Tigre Branco" de uma cifra inferior a mil exemplares para 527 mil.

"Esperei muito tempo para vencer", disse Jacobson, sem falsa modéstia. "Estava cansado de ser subavaliado, mas confesso estar verdadeiramente espantado. Houve muita amargura, mas já terminou. Esperei cerca de 30 anos até chegar a este momento."

 Ele também concordou com as comparações de sua escrita com as de Philip Roth e Jane Austen. "Concordo que meu livro seja em parte cômico, mas, penso como um romance em quadrinhos, pois, para mim, ser um autor de quadrinhos é ser sério." Perguntado sobre sua próxima obra, Jacobson disse que estava trabalhando em um livro sobre um escritor sem sucesso, mas que pode ter de mudar agora. Ele teve outras duas obras relacionadas pelo Booker ("Kalooki Nights", em 2006, e "Who's Sorry Now", em 2002), mas nenhuma delas foi finalista.


 As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.










amor singelo amor





Tua boca
tem sopro doce de luar
mas em minha alma
conjuga em chamas
o verbo amar

teu beijo
tem o mel da imortalidade
faz a alma sublevar
entre sensações
da tenra idade

teu corpo
és bojo macio de tulipa
a recender frescor
de magnólias apaixonadas
vestindo de luminoso paraíso,
meu taciturno mausoléu

faz-me sentir-se Hermes
altaneiro, irrequieto
a levar recados
entre a terra e o céu.

Só você tem esse dom
 de dizer em terra,
doçuras e delícias de um céu
que se usufrui
na maciez
de uns olhos fagueiros

chega com esta
 doce intimidade solar
trazendo nas suas asas de amor
a fagueira calmaria do mar

e a lembrança dos teus doces abraços
leveza que me envolve asas mansas
de pássaros apaixonados
declamando ao lusco-fusco
amores e dissabores

contemplados da triste janela
derramam num vôo brando
slides dos teus sorrisos
quais brisas de mil paraísos

seus lábios tão lírios
quão líricos
teus braços tão cisnes de amor
tua alma quão lua,
tão sua...
você
meu mar jovem de flor



by  DAVI CARTES ALVES

Mel do paraiso




Hoje minhas borboletas tagarelas
sonharam novamente contigo
e acordaram cochichando em rubor
que só mesmo dos teus beijos maviosos
flui o mel do paraíso.



by   DAVI CARTES ALVES



quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Angelical



Sorriu leve,
ao lembrar-se que mesmo sem saberem
 que estavam sendo monitorados
ela notou que os anjos
 nunca são estúpidos
quando presos no engarrafamento

e que as folhas das nogueiras
caem mais lentas e suaves
 sob o fino véu diáfano
do crepúsculo vespertino.



by  DAVI CARTES ALVES


segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A beleza inspira




Tens uma presença tão sublime
como se a cada piscar de olhos
a cada beijo desses seus lindos cílios
renova-se em sua alma
doce frescor de amanhecer
generosa alvorada
de ternuras

Como um sedento colibri
embevecido
por essas paragens
maviosas e exuberantes

quis sorver
os aljôfares de mel,
orvalhados
em toda a sua haste,
em seus cálices & corolas

generosas,
evanescentes de amor
suas pétalas
incandescentes

Olha lá o nosso sol de neon
coração do azul celeste
que assim como você,
quando surge, acende n’alma
um sorriso de vida e luz

enlear-se na ternura
das tuas mil vozes macias
o verbo amar sussurras
dos teus poros, balbucias

nos teus braços
renascer em uma fonte
de generosa doçura
cárcere paradisíaco
quais flamingos alados
em ternura

Um presente
dos deuses do amor ?
A lua me sugeriu
um vestido de néon
o céu, uma tiara de estrelas
o mar, um multicolorido top
 de conchas e corais

tudo belamente embrulhado
pela aurora boreal
num afetuoso
:) volte sempre!!!

Ah! Minha canção do mar
não será pelo teu sopro
que abrem-se as acácias,
e sorriem as buganvílias?


by   DAVI CARTES ALVES


Imagem - Fiorella Mattheis
Revista Vip

 



DANÇARINA FLAMENCA




Chama cambiante,
salamandra irrequieta,
vulto-sopro sensual
a desferir laminas & volúpias
costurados em vestido,
seda carmim

bela dançarina flamenca,
sapateias na voraz ilusão de possuir-te,
sou teu emudecido espectador
 enternecido camponês madrilenho
na viril multidão estupefata,
petrificada

alma ferina, charme provocante,
meneios e requebros asfixiantes
ritmo vigoroso, estonteante
olhares fulminantes de desprezo,
hipnose
num enlear-se apaixonante

partiste meu coração ao meio
e fizestes dele
castanholas escarlates
a produzir musicalidade vigorosa,
causticante n’alma

palpitante rosa cálida
dardejando nos sentidos
tuas pétalas de fogo
qual revoada
de pássaros incendiados

tua presença embevece,
engolfa-me
 em delirius & devaneios
na maviosa sonoridade

que enfeitiça e emudece
cravos imprestáveis,
touros indomáveis,
na arena milenar
dos confins da Andaluzia.



by  DAVI CARTES ALVES







sábado, 9 de outubro de 2010

BAILARINA




 Alva flor do mais puro encanto
leveza, prazer, acalanto
fascínio, graciosidade e pra tanto
ritual de reverente espanto

és maviosa bailarina
és brisa a produzir com ternura
mosaicos e enredos pro amor
és mel no meu dissabor

esvoaçante
quão linda menina
bela imagem
confeita em rima

és flutuante bailarina
na graça
e no deslumbramento em volteios
sissones, piruetas, meneios
no tablado
de um coração prisioneiro

aplausos, assovios, mil vozes
sob suave vôo quão bela
nivea borboleta
de sapatilha amarela
tão brilhante
no balé quebra-nozes

és sopro nas cores do amor
és mel no meu dissabor
esvoaçante quão linda menina
és suave bailarina

Amar-te
é mesmo minha sina?



by   DAVI CARTES ALVES

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O BEIJO DA DOR É LONGO



Qué café?
Voce gosta da cor desta tinta?
Que tal a matiz daquela sem tampa?
Escreve mais suave, né?
Depois recolher as armas de guerra
Em que o despojo são palavras que ferem
Onde vultos dardejam segredos
Atrás de um céu em neblina
Em que a noite é criança traquina
Emoldurando nas horas uma sina
Onde o amor em altar e batina
Bebe os doces sonhos de outrora
Em um rio borbulhando lagrimas
 e véus em pudor
desaguando em coleantes suspiros
poemas longos de tímida menina
que rabisca no verso das chamas
um pássaro esquálido que ama
e se contorce sem forças, sonoro
debatendo-se em vão nesta cela
não fugiu dos transeuntes afoitos
não voou das mãos tensas com olhos
no calçadão jaz confeito em dor
pois as vezes o bonde do amor
não tem freios e alma suficientes
nas curvas sinuosas de um ventre
e pechincha a dor pra presente:
Vire-se!!!
 Nesta chuva de lãminas...


by   DAVI CARTES ALVES




domingo, 3 de outubro de 2010

Rosas d'alma



Maviosa é a tarde
aquietando-se no fim do dia,
despiu-se
para vestir-se
de suave crepúsculo,
e banhar-se na noite

na sala,
brisa beija a samambaia
no copo d’água
cai outra pétala
da rosa chorosa

a arder numa solidão
de tintas tão belas,
quanto dolorosa.



 DAVI CARTES ALVES





sábado, 2 de outubro de 2010

Mario Vargas Llosa - Premio Nobel 2010



O senhor agora está em Princeton ensinando Borges, o mestre argentino que teria sido responsável por resolver o complexo de inferioridade dos escritores latino-americanos, pelo que está escrito em Sabres & Utopias.

Sem dúvida. De alguma maneira Borges estimulou os escritores latino-americanos a serem cidadãos do mundo, a se moverem sem complexo de inferioridade por todas as avenidas da cultura, por todas as tradições e todas as épocas. Provou que um escritor do nosso continente pode dizer coisas originais sobre Shakespeare, Molière, Stevenson, Chesterton, tendo uma visão universal. Isso nos ajudou a romper o nosso cárcere provinciano.





Trecho da entrevista ao Estadão , Sabado 02 de Outubro de 2010
Tópicos: Mario Vargas Llosa, Arte & lazer, Variedades



'Sabres & Utopias' reúne textos que tratam de política,
de América Latina e, é claro, de literatura.


sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Livros e Leituras



O livro
protagonista
entre amores
dores
gerações 

Um dos maiores benefícios da leitura
é aguçar nossa sensibilidade
primeiro, de nós para com nós mesmos
depois, de nós para com o próximo
e então para com a vida, e o mundo
de modo geral

Essa sensibilidade que adquirimos
engolfa nossa alma em paz
pois substituímos
as inquietações barulhentas, por

equilíbrio & harmonia
por cantatas de riachos,
musica suave de brisa,
viagens oníricas
o prazer nas entrelinhas

virtudes

que só o hábito da leitura
pode nos proporcionar.




by   DAVI CARTES ALVES




Imagem -  Albert Anker [ Die Andacht des Grossvaters ] 1893
Créditos da imagem  http://osilenciodoslivros.blogspot.com/